O feudalismo foi um sistema político, econômico e social que existiu na Europa entre os séculos IX e XV. Seu nome vem da palavra latina “feodum” ou “feudum”, que era usada durante o período medieval para descrever um feudo — um pedaço de terra possuído em troca de serviço ou trabalho. O sistema feudal girava em torno de uma série de alianças e obrigações entre as pessoas que possuíam terras, direta ou indiretamente, e aqueles que trabalhavam para elas.
Origens do sistema feudal
O Império Romano foi uma força dominante na Europa por séculos, mas era difícil de controlar e dividiu-se em dois: o Império Romano do Oriente e o Império Romano do Ocidente. Ao contrário do primeiro, o segundo começou a enfraquecer devido a conflitos internos, ao declínio econômico e às invasões por tribos bárbaras — aquelas que não falavam latim e que viviam nos arredores do Império. Elas começaram a atacar as fronteiras romanas, em direção a Roma e a outras grandes cidades.
Devido às invasões, os romanos foram forçados a deixar suas casas e a mudarem-se. Em muitos casos, eles foram de cidades para áreas rurais, em busca de segurança e trabalho. Eles encontraram ambos nos feudos: propriedades agrícolas que eram cercadas por muros altos e fortes, onde camponeses eram empregados por um senhor feudal para trabalhar em suas terras ou em seu castelo. Com o tempo, muitos feudos surgiram e a população da Europa começou a ficar sob o controle dos senhores feudais.
Os três estamentos da sociedade feudal
Na época, a sociedade europeia adotava o “sistema de estamentos”, pois estava dividida em três estamentos bem definidos: o clero, a nobreza e o povo.
O clero era composto pelos representantes da Igreja Romana, responsáveis pelas cerimônias religiosas e pela expansão da fé católica. Eles fizeram alianças com líderes políticos, até mesmo bárbaros, para garantir que o maior número possível de pessoas se convertesse ao cristianismo. Por exemplo, um acordo com Pepino, o Breve, rei do Império Carolíngio, deu centenas de acres de terra na Península Italiana à Igreja. Aqueles que habitavam esses domínios tinham de se tornar católicos — caso contrário, seriam punidos.
A nobreza acumulou poder porque suas terras eram muito procuradas por aqueles que fugiam dos bárbaros. Príncipes, cavaleiros e nobres com acesso à terra, de repente, acolheram um influxo de camponeses. Enquanto isso, os reis perderam sua relevância, porque o poder estava descentralizado nas mãos de muitos senhores feudais.
O povo era composto principalmente por camponeses que, em troca de trabalho e proteção nos feudos, tornaram-se servos. Diferentemente dos escravos, que seguiam seus donos para onde fossem, os servos estavam ligados à terra — se uma terra mudasse de mãos, o servo também o faria, podendo permanecer ali, trabalhando para o novo senhor feudal. Os trabalhadores deveriam demonstrar gratidão ao seu senhor e, na maioria das vezes, demonstravam. Além disso, devido à influência da Igreja, os servos esperavam ir para o Paraíso após a morte, como recompensa por seu bom trabalho e bom comportamento na Terra.
A sociedade feudal, portanto, era caracterizada pela falta de mobilidade. Em outras palavras, quem nascia nobre, sempre seria nobre; quem nascia camponês, sempre seria camponês. Essa hierarquia consagrava um sistema de desigualdade que duraria mais do que todos os feudos.
Suserania e vassalagem
No topo da sociedade feudal, estavam os senhores feudais com mais terras. No entanto, eles nunca teriam sido capazes de controlar e explorar economicamente vastas extensões de território, a menos que recrutassem a ajuda de outras pessoas. Como resultado, a característica marcante do feudalismo era um arranjo baseado em suserania e vassalagem.
Em uma cerimônia conhecida como “homenagem”, o proprietário de uma terra, chamado de suserano, doava uma parte de seu feudo a um vassalo. O vassalo não só deveria cuidar da terra, mantendo ou aumentando a colheita dela, mas também jurar lealdade ao seu suserano e aconselhá-lo. Se necessário, os vassalos tinham de participar das guerras de seu suserano — afinal, elas serviam para a segurança de ambos. Com o tempo, aqueles que eram vassalos acumulavam terras suficientes para se tornarem suseranos, atribuindo feudos a outras pessoas, da mesma forma que quando receberam suas terras pela primeira vez.
Os suseranos eram senhores de seus domínios, criando leis e exercendo a justiça. Eles coletavam tributos como o dízimo — um imposto de 10% que ia para a Igreja — e regulavam quaisquer atividades comerciais que ocorressem nos feudos. À medida que o feudalismo chegava aos seus dias finais, essas atividades se tornavam cada vez mais comuns.
Economia feudal
A economia dos feudos era agrícola e baseada na autossuficiência. Não havia indústrias na época, e os servos tinham de cultivar a terra para se alimentarem e para alimentarem seus senhores. Como era inseguro perambular fora das fortificações rurais, todos os bens eram produzidos e consumidos dentro dos feudos. Consequentemente, o comércio despencou e o dinheiro tinha pouco valor em uma estrutura feudal.
Para aumentar a produtividade nos campos, os trabalhadores começaram a usar animais domesticados e ferramentas como o arado, com lâminas que cavavam o solo para que as sementes pudessem ser plantadas. Além disso, eles empregaram um sistema de rotação de terras, garantindo que uma parte da terra descansasse enquanto outra era cultivada. Essas práticas reduziram a fadiga dos trabalhadores e evitaram a degradação da terra devido ao uso excessivo dela.
O declínio do feudalismo
No século XIV, a Europa passou por uma crise que tornaria o sistema feudal em grande parte irrelevante. Uma série de processos enfraqueceu o poder dos senhores feudais e aumentou a importância das áreas urbanas.
Primeiramente, inovações agrícolas impulsionaram a produção, e o excedente de alimentos teve de ser vendido, pois era mais do que suficiente para o consumo dentro dos feudos. Ao mesmo tempo, europeus que retornavam das Cruzadas introduziram especiarias orientais no continente, como pimenta, canela, cravo e noz-moscada. A combinação de excedentes agrícolas e novos produtos fomentou a criação de novos centros urbanos, os burgos medievais, onde o comércio prosperava. Portanto, algumas pessoas finalmente tinham um incentivo para deixar os feudos.
O êxodo rural aumentaria devido a guerras e doenças. Conflitos como a Guerra dos Cem Anos e a Reconquista, a expulsão dos Mouros da Península Ibérica, deslocaram muitas pessoas. Além disso, a Peste Negra causou estragos na Europa. Ela foi uma pandemia causada pela bactéria Yersinia pestis, facilmente espalhada por pulgas e pelo contato com fluidos corporais de outras pessoas, que causava peste pneumônica e era altamente mortal. Diante de um cenário de guerra e doença, muitos servos se afastaram de suas terras em direção a lugares mais seguros, inclusive os burgos.
Com o tempo, os senhores feudais perderam sua importância enquanto a burguesia adquiria cada vez mais poder econômico. O vácuo de poder facilitou a ascensão dos reis, que foram financiados por comerciantes e, portanto, puderam construir exércitos permanentes. A concentração de poder nas mãos dos reis ajudou a acabar com o feudalismo e a inaugurar um novo sistema político, conhecido como o sistema de Estados modernos.
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